É finalzinho de domingo, a noite está fria e lá fora o som da chuva abafa o barulho dos carros. Aqui da janela observo as luzes da cidade – Mogi das Cruzes /SP, esta linda cidade que me recebeu e me adotou como filha, pois o Bandeirante Gaspar Vaz ao passar por aqui por volta de 1560, certamente não tinha a menor noção de como esta terra se tornaria pujante, forte e acolhedora.

Aqui tive o privilégio de conviver com pessoas maravilhosas, líderes excepcionais que investiram do seu tempo no meu desenvolvimento pessoal e profissional, pelo que sou e serei eternamente grata, mas, sem sombra de dúvida, um deles em especial é a minha principal referência e influência quando o assunto é liderança.

Respiro fundo e busco na memória um momento marcante, porém “flashes” insistentes disputam a atenção da mente, enquanto o coração rapidamente seleciona um momento em especial. O que certamente não diminui a importância da caminhada, permeada de montanhas e vales, risos e lágrimas, realizações, alguns desapontamentos e grandes aprendizados. Acima de tudo a convicção de que, absolutamente todas as coisas cooperaram e cooperam para o meu bem.

Era janeiro de 2012 e eu tinha uma demanda gigantesca para entregar naquele dia. Uma movimentação intensa acontecia naquela Unidade SENAI. Pessoas aglomeravam-se no balcão do setor disputando o atendimento, inúmeros e-mails para responder, as oito linhas telefônicas tocando desesperadamente e enfim, o dia prometia!

Em meio aquele burburinho de gente, telefone, vozes e calor, surge a figura do Sr. Carlos Serra, nosso Diretor. Ele acenava para que eu desse a volta e atendesse uma senhora, que mesmo após ser atendida por uma das pessoas da nossa equipe, insistia em falar comigo. Enquanto caminhava em direção a parte externa do setor, um diálogo interno dominava a minha mente.

-Que Diretor mais sem noção!! Ele sabia o quanto eu estava sobrecarregada e bem que poderia ter “despistado” a tal senhora.

Respirei fundo e a cumprimentei com aquele famoso “sorriso quadrado”, enquanto olhava para o Diretor reprovando a situação, a meu ver, muito desnecessária. Mal sabia eu, que estava prestes a viver um dos grandes marcos da minha trajetória naquele lugar. Aquela senhora simples, de aparência sofrida e meio acanhada, me olhou nos olhos e jogou um balde de água gelada na minha arrogância.

–Quero apenas dar um abraço na senhora… posso?

Fiquei imóvel. Uma lágrima quente escorreu pelo meu rosto e toda e qualquer urgência perdeu o sentido, enquanto me senti um verme diante de uma alma tão nobre.  Após um longo e caloroso abraço, ela compartilhou comigo que aquele seria o seu último dia de aula e como eu a atendi quando procurou a instituição pela primeira vez, não poderia ir embora sem me agradecer.

Não me lembro do que ocorreu exatamente no restante do expediente. Simplesmente sei que aquele momento foi o início de uma jornada caminhando mais devagar entre as pessoas.

Hoje sei que o Professor Carlos Serra enxergou em mim o potencial para liderança, enrustido em uma mentalidade de gerente e foi me mostrando o caminho e, principalmente com o seu exemplo, me ensinou a maior de todas as lições: Grandes Líderes, estão sempre dispostos a ouvir e, acima de tudo, jamais dispensam a oportunidade de um abraço.

Minha gratidão eterna ao grande amigo e mentor, Professor Carlos Serra.

Eu sou Cida Evangelista – Economista com pós-graduação em gestão de negócios, 23 anos atuando na área de liderança e gestão, sendo 19 anos no SENAI/SP. Empresária e escritora.  Amo ajudar as pessoas perceberem o quanto são preciosas, talentosas e únicas.

Teamind Desenvolvimento Humano – www.teamind.com.br